Prezado Barão de Coubertin,

Há 129 anos, mais precisamente no dia 25 de novembro de 1892, na Sorbonne, Universidade de Paris, o senhor falou, pela primeira vez, sobre sua intenção de reinstituir os Jogos Olímpicos, ao declarar: “Atletas amadores de todas as partes do mundo deverão, uma vez mais, competir de quatro em quatro anos, sem nenhuma restrição de raça, religião, classe social e riqueza. Todo o futuro do esporte repousa no renascimento dos Jogos Olímpicos. Devemos, unidos, lutar para que isso se concretize”.

Dois anos mais tarde, os Jogos Olímpicos foram reinstituídos, e a primeira edição da Era Moderna aconteceu na mitológica Atenas, em 1896. O senhor faleceu em 1937, mas quero comentar um pouco essa linda história…

Durante esses 125 anos de realização, os Jogos Olímpicos viram surgir a radiodifusão, o cinema e a televisão. Assistiram à transformação do branco e preto em colorido e deliciaram-se com a transmissão direta dos eventos esportivos via satélite. Com o passar do tempo, a explosão de ideias e criatividade contribuiu para um expressivo e inimaginável aperfeiçoamento tecnológico, que fez emergir uma sociedade fascinada por sistemas, computadores, telefonia celular, internet, WhatsApp etc.

Nos primeiros anos, o movimento olímpico enfrentou descrédito, obstáculos e duas guerras mundiais. Mas ele conseguiu sobreviver, e hoje foi realizada a Cerimônia de Abertura dos XXXII Jogos Olímpicos da Era Moderna. Desta vez, não pôde ser honrada a realização quadrienal, que caracteriza, desde a Antiguidade Clássica, o maior desafio esportivo de todos os tempos. Lamentavelmente, o mundo parou em 2020 por causa de uma pandemia, e isso impediu que Tóquio apresentasse ao mundo a bonita festa que, por certo, já estava preparada havia muito tempo.
Dentro das restrições, a cerimônia de 2021 teve a forte marca da tradição japonesa: organização impecável, belíssima queima de fogos, artes musicais, momentos históricos sóbrios e animados intercalados, o alegre desfile das delegações participantes e o cumprimento das cerimônias protocolares que o senhor idealizou com tanto zelo.

Por isso, ao assistir à bonita festa realizada no Estádio Olímpico de Tóquio, onde “Atletas amadores de todas as partes do mundo estavam reunidos, sem nenhuma restrição de raça, religião, classe social e riqueza”, desejo apresentar ao senhor a minha gratidão, por ter lutado pela renovação dos Jogos Olímpicos, evento do qual o senhor, Barão Pierre de Coubertin, inegavelmente, foi a alma e o coração.

Tenho certeza de que, nessa manifestação e agradecimentos, unem-se a mim todos os panathletas do mundo porque sentem a força do lema escolhido pelo Panathlon Club Internacional, para definir seu objetivo maior: “LUDIS IUNGIT” – O ESPORTE UNE.

O mesmo esporte privilegiado pelo Panathlon Club é a base do movimento olímpico, que deverá primar pela paz, alegria e fraternidade.

Da mesma forma como aconteceu na Grécia Antiga. No outro lado do mundo, do outro lado do tempo.

                                                                                                                                        *Laurete Godoy é panathleta, pesquisadora e escritora.